sexta-feira, 9 de setembro de 2016

"Vai Aonde Te Leva o Coração", agora o livro ;)






"As lágrimas que não saem depositam-se no coração, com o passar do tempo vão formando uma crosta e paralisam-no..."












" A ideia do destino é algo que surge com a idade. Quando se tem os anos que tu tens, geralmente não se pensa nisso, tudo o que acontece é como se fosse fruto da nossa vontade. Sentimo-nos como um operário, que pedra sobre pedra, vai construindo à sua frente o caminho que deverá percorrer. Só muito depois é que se repara que o caminho já está construído, que alguém o traçou por nós, e que só nos resta seguir em frente. É uma descoberta que costuma fazer-se por volta dos quarenta anos, então começa-se a perceber que as coisas não dependem só de nós. É um momento perigoso, durante o qual não é raro escorregar-se para um fatalismo claustrofóbico. Para veres o destino em toda a sua realidade, tens de deixar passar mais alguns anos. Por volta dos sessenta anos, quando o caminho atrás de ti é mais comprido do que o que tens à tua frente, vês uma coisa que nunca tinhas visto antes: o caminho que percorreste não era a direito mas cheio de encruzilhadas, a cada passo havia uma seta que apontava para uma direcção diferente; dali partia um atalho, de acolá um carreiro cheio de ervas que se perdia nos bosques. Alguns desses desvios fizeste-os sem te aperceberes, outros nem sequer os viste; não sabes se os que não fizeste te levariam a um lugar melhor ou pior; não sabes, mas sentes pena. Podias fazer uma coisa e não a fizeste, voltaste para trás em vez de seguir em frente. O jogo da glória, lembras-te? A vida vai avançando mais ou menos da mesma forma.
 Ao longo das encruzilhadas do teu caminho encontras as outras vidas, conhecê-las ou não, vivê-las a fundo ou desperdiçá-las depende da escolha que fazes num segundo; embora não o saibas, entre seguir a direito ou fazer um desvio joga-se muitas vezes a tua existência, a existência de quem está perto de ti."

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